O blog Pensar Não Dói foi lançado em 24/06/2009, às 19:53, recebeu sua última postagem em 15/08/2018, às 14:44. Ao longo destes nove anos, três semanas e um dia, este espaço foi palco da redação de exatamente 1.359 textos, aproximadamente metade dos quais foi publicado, enquanto os demais ou ficaram inacabados, ou foram para o limbo por diversos motivos. E hoje, 02/11/2022, após cinco anos, dois meses, duas semanas e três dias de inatividade, o 1.360º texto anuncia o encerramento definitivo do blog. Em breves linhas, explicarei o motivo.
No dia 21/05/2014, às 16:11, eu publiquei um texto extremamente amargo intitulado “O Brasil é um pântano”. Aquele artigo foi o marco de um processo de burnout que vinha sendo represado a duras penas e finalmente explodiu. Dali em diante, tanto a qualidade quanto a frequência das postagens no Pensar Não Dói foram se reduzindo, até que um episódio de perseguição política com inacreditáveis requintes de crueldade, que se aproveitou de modo especialmente insidioso de um momento em que minha saúde estava bastante abalada, me fez decidir tirar o blog do ar. Depois disso, postagens esparsas e de qualidade oscilante ocuparam as páginas do blog até 2018, quando desisti de insistir.
De 2018 a 2022, por diversas vezes eu tentei retomar o blog. Eu gosto de escrever, alguns bons amigos – em especial amigos que eu conheci graças ao blog – me incentivaram a escrever novamente, eu recomecei a colocar os artigos antigos no ar, cheguei a prometer mais de uma vez que o Pensar Não Dói seria reativado, mas sempre recomeçava e logo passava a procrastinar a revisão dos artigos para recolocá-los no ar. Eu estava insistindo em um projeto que não me motivava mais, que não me trazia mais entusiasmo, que não conseguia me mobilizar, e isso foi trazendo frustração para mim e para meus amigos e leitores que esperavam o retorno no blog, Mesmo assim, nos dois ou três últimos meses, eu fiz uma última, definitiva e intensa tentativa de recolocar o projeto em movimento. E deu tudo errado.
Primeiro eu tive que mudar o plano de hospedagem do blog, porque o antigo plano não cobria mais a quota de disco necessária para manter o blog hospedado, então ele estava totalmente fora do ar há meses.
Depois eu tive que atualizar os plugins do WordPress, porque com o blog fora do ar nem mesmo os plugins de atualização automática eram atualizados.
Então, ao atualizar os plugins, cada um deles de um programador diferente e com uma data de atualização diferente, todos eles entraram em conflito e o blog travou completamente.
Pedi à empresa de hospedagem que eles limpassem minha instalação, mas o serviço de manutenção que antes era gratuito agora é pago e tem que ser contratado por um período mínimo de doze meses.
Negociei uma solução intermediária, pagando apenas um mês de manutenção e solicitando apenas uma reinstalação do banco de dados em uma instalação nova do WordPress.
O resultado disso foi a completa desformatação de todos os 1.359 artigos que eu tinha no banco de dados, irremediavelmente, que agora terão que ser reformatados à mão, um por um. Imagine o impacto disso em quem já estava desanimado.
Pior: para a minha surpresa, a instalação nova, “limpa”, tinha mais de vinte plugins diferentes, sendo que eu me virava muito bem com seis antigamente. E, ao tentar limpar a instalação, tudo travou de novo e eu perdi totalmente o acesso ao blog por 48 horas.
Após cozinhar minha paciência por dois dias, pedi para a empresa de hospedagem me entregar uma instalação limpa de verdade, mas eles só fazem isso mediante a contratação de um serviço de manutenção que antes era gratuito e necessariamente pelo período de fidelidade de doze meses.
Eu sou cliente deles há treze anos e cinco meses. O trabalho que eu pedi não deve demorar cinco minutos para um técnico experiente. Eu passei os três últimos meses me quebrando sozinho, tentando fazer isso, e só consegui perder toda a formatação de mais de mil e trezentos artigos escritos ao longo de mais de oito anos de atividade.
Sabem quando quebra o encanto?
Eu não era apenas cliente desta empresa, eu era fã deles. Eles me tratavam melhor do que eu pedia, sempre. Outros operadores, no passado, me ofereciam instalações e testes de plugins batendo papo comigo no helpdesk. E agora eu estou me sentindo um número. Sou um cliente do tempo em que eles não tinham mil clientes, para quem um serviço banal hoje custa o mesmo que para um cliente novo com seis dígitos no número do cadastro.
Eu olho para esse episódio e vejo mais uma vez o Darwinito serrando o galho no qual está sentado. Vez após vez após vez, eu sempre espero de algum darwinito que ele não serre o galho sobre o qual está sentado. E vez após vez ele serra. Eu estou cansado de tentar impedir o Darwinito de serrar o galho em que ele está sentado, ou de correr para baixo dele para tentar apará-lo na queda e me arrebentar junto.
Hoje é Dia de Finados. É um bom dia para deixar o Darwinito despencar de vez.
A gente se vê no próximo projeto.
Até mais, e obrigado pelos peixes!
Arthur Golgo Lucas – www.arthur.bio.br – 02/11/2022